Análise Literária - Os
poemas de Gonçalves Dias (1823-1864) e Oswald de Andrade (1890-1953)
exemplificam os conceitos estudados na última semana referente aos primórdios
da identidade da literatura brasileira. Cada qual com sua peculiaridade, que
bem traduzem as suas inserções literárias: o romantismo e o modernismo,
respectivamente.
Como
vimos, o Romantismo e o movimento nacionalista fez da literatura um resgate da
identidade brasileira, principalmente por meio da temática indígena. Observamos
tal característica na Canção do Tamoio,
cujo tom de heroísmo é similar aos atribuídos às personagens da literatura
ocidental, no entanto, com uma forma própria (no caso, redondilha menor) e
ritmo sugestivo à temática.
Já
o Modernismo apresentou outro olhar em relação à literatura brasileira. Nesse
sentido, a temática indianista toma novos rumos sob uma perspectiva mais
crítica, realista e com formas independentes, como bem salienta Oswald de
Andrade, na obra Erro de Português.
O
primeiro com uma precisão métrica impressionante, com um ritmo envolvente, uma
perfeita composição entre a objetividade estética e o subjetivismo do sujeito
lírico. No poema de Gonçalves Dias, um leitor mais sensível é capaz de ouvir o
som dos tambores que embalaram o recém-nascido guerreiro. O segundo apresenta
uma breve composição irregular, mas com um envolvente jogo de palavras e
sentidos que se completam na percepção do leitor. Em apenas sete versos e 24
palavras, o eu lírico, coloquialmente, além de indagar a colonização portuguesa
no Brasil, trabalha a hipótese da reversão desse momento histórico. Em uma
leitura menos contextualizada,
observa-se certa graciosidade e ironia
no poema, porém com um pouco de conhecimento histórico, o leitor
mergulha em um mar infinito de interpretações, ou seja, são versos que
transcendem o espaço e o tempo.
Então
eu me pergunto? Como isso é possível? Como em um primeiro momento estou no seio
de Tamoio e em alguns momentos depois estou analisando o “erro dos
portugueses”? Como sou capaz de me convencer com um heroísmo de “contos de
fadas” e na sequência me
indignar com a falta de “dias ensolarados” na história do Brasil? Isso, só é
possível, porque isso é LITERATURA!
arrasou
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