A aquisição instrucional envolve três teorias, paradigmas, que
correspondem a maneiras diferentes de explicar o conhecimento humano: no behaviorismo (de
Pavlov, Watson, Thorndike, Skinner), a experiência é a fonte básica de
conhecimento, trabalha com fatos objetivos (estímulos e reações); no inatismo
(de Platão, Descartes e Kant), a mente detém o papel mais importante na aquisição
do conhecimento, nesse sentido, as práticas pedagógicas inferem as capacidades
básicas do ser humano; e no interacionismo (de Piaget, Vygotsky, Wallon),
a aquisição da linguagem envolve tanto a mente quanto a experiência.
O behaviorismo defende que a
língua é adquirida “de fora para dentro”, por meio de imitação e formação de
hábitos através do reforço positivo sobre o binômio estímulo-resposta. O
ambiente tem grande responsabilidade no processo da aquisição e amadurecimento
da linguagem. A principal suposição dessa
teoria é a existência de um Estímulo que provoca uma Resposta no processo de
aprendizagem. Para Pavlov o
comportamento é resultante efetivo da aprendizagem ou de respostas
condicionadas para determinados estímulos. As experiências de Thorndike desencadearam
alguns conceitos como comportamento aleatório; curva de aprendizagem;
aprendizagem por ensaio e erro e as leis de aprendizagem. Skinner estudou o
comportamento observável. Propôs que o comportamento é motivado mais por
estímulos externos e é diretivo ou instintivo. O teórico postulou sua lei da
aquisição, em que a força do comportamento operante aumenta quando ele é
seguido pela apresentação de um estímulo de reforço.
Esta
teoria é limitada, tem pontos positivos como a aprendizagem de certos itens da
língua por meio da memorização ou o aprimoramento das regras da gramática, e
pontos negativos, como a forma mecanizada e artificial que a língua é tratada; a
falta de reflexão geradora de novas ideias e soluções. Em suma, ela descarta a
análise de aspectos da conduta humana como sentimentos, sonhos,
raciocínio, etc. e valoriza a “mecanização” do processo de aprendizagem.
A teoria inatista defende que os seres humanos nascem programados
biologicamente para falar. Entre os argumentos positivos, a naturalidade da
criança em aprender a língua materna, mesmo em ambientes mais rudes e munidos
de um sistema de símbolos complexos. No entanto, também tem suas limitações,
pois a língua não é adquirida apenas ouvindo ou de forma espontânea, ela requer
certa cooperação dos falantes mais velhos, por meio de uma conversação adequada
em uma espécie de sistema de troca. A falta de contextualização é outra
desvantagem, pois os aprendizes não são todos iguais.
O interacionismo defende que a aquisição
da linguagem resulta da interação entre o programa mental inato do aprendiz e a
linguagem produzida conjuntamente em cooperação com um interlocutor adequado.
Em outras palavras, o organismo e o meio exercem ações recíprocas.
Nessa
teoria, as crianças adquirem a linguagem assimilando as estruturas sintáticas, as
estruturas semânticas e pragmáticas. No interacionismo, a linguagem é um meio
para a atividade intersubjetiva significativa, e não um fim em si mesmo; a
forma e o sentido são trabalhados e exercitados juntos, visando o
desenvolvimento de competências e habilidades dentro de um processo de
aprendizagem permanente.
Piaget fez apontamentos cruciais ao notar que a lógica do funcionamento
da criança é diferente do adulto e que cada criança constrói suas concepções. E
nesse universo, a educação constitui um “todo” formado por fatores afetivos,
morais, sociais e intelectuais e esses aspectos devem estar em equilíbrio, pois
uma criança que sofre um constrangimento intelectual “não conseguirá ser livre
moralmente”.
Outra consequência dessa teoria é a consciência da necessidade de
viabilizar aos estudantes a autonomia intelectual. Nesse sentido, o estímulo à
pesquisa pode ser um exemplo de aplicabilidade em sala de aula, pois o
professor estará proporcionando aos alunos uma democracia para a construção do
conhecimento que ocorrerá individualmente e coletivamente, por meio,
principalmente, da troca de informações e experiências.
Para Vygotski, a criança “é sujeito social criador e recriador de cultura”
e essa vivência em sala de aula é de uma riqueza infinita, para um bom mediador
(professor). Nesse ambiente, a linguagem é responsável pelas interações
sociais, uma fonte de conhecimento que vai além da escrita e mergulha, segundo
Paulo Freire, na palavra vivida, fruto de uma experiência intelectual afetiva
inerente à totalidade humana.
Nesse cenário, o papel do professor é aquele que irá diagnosticar (de
forma democrática e não alienada) o melhor caminho para explorar as
potencialidades dos alunos, de forma que não os subestimem com conhecimentos
repetidos e que não os sufoquem, ultrapassando as suas capacidades.
Fontes
(UFSM):
Material
da disciplina Produção e análise de material didático (RICHTER, Marcos).
Material
da disciplina de Psicologia da Educação.
Edição e
produção: Ires Milena Koster.
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