terça-feira, 1 de maio de 2018

Aquisição instrucional – conceitos, vantagens, limitações, autores


A aquisição instrucional envolve três teorias, paradigmas, que correspondem a maneiras diferentes de explicar o conhecimento humano: no behaviorismo (de Pavlov, Watson, Thorndike, Skinner), a experiência é a fonte básica de conhecimento, trabalha com fatos objetivos (estímulos e reações); no inatismo (de Platão, Descartes e Kant), a mente detém o papel mais importante na aquisição do conhecimento, nesse sentido, as práticas pedagógicas inferem as capacidades básicas do ser humano; e no interacionismo (de Piaget, Vygotsky, Wallon), a aquisição da linguagem envolve tanto a mente quanto a experiência.
O behaviorismo defende que a língua é adquirida “de fora para dentro”, por meio de imitação e formação de hábitos através do reforço positivo sobre o binômio estímulo-resposta. O ambiente tem grande responsabilidade no processo da aquisição e amadurecimento da linguagem.  A principal suposição dessa teoria é a existência de um Estímulo que provoca uma Resposta no processo de aprendizagem.  Para Pavlov o comportamento é resultante efetivo da aprendizagem ou de respostas condicionadas para determinados estímulos. As experiências de Thorndike desencadearam alguns conceitos como comportamento aleatório; curva de aprendizagem; aprendizagem por ensaio e erro e as leis de aprendizagem. Skinner estudou o comportamento observável. Propôs que o comportamento é motivado mais por estímulos externos e é diretivo ou instintivo. O teórico postulou sua lei da aquisição, em que a força do comportamento operante aumenta quando ele é seguido pela apresentação de um estímulo de reforço.
Esta teoria é limitada, tem pontos positivos como a aprendizagem de certos itens da língua por meio da memorização ou o aprimoramento das regras da gramática, e pontos negativos, como a forma mecanizada e artificial que a língua é tratada; a falta de reflexão geradora de novas ideias e soluções. Em suma, ela descarta a análise de aspectos  da conduta humana como sentimentos, sonhos, raciocínio, etc. e valoriza a “mecanização” do processo de aprendizagem.
A teoria inatista defende que os seres humanos nascem programados biologicamente para falar. Entre os argumentos positivos, a naturalidade da criança em aprender a língua materna, mesmo em ambientes mais rudes e munidos de um sistema de símbolos complexos. No entanto, também tem suas limitações, pois a língua não é adquirida apenas ouvindo ou de forma espontânea, ela requer certa cooperação dos falantes mais velhos, por meio de uma conversação adequada em uma espécie de sistema de troca. A falta de contextualização é outra desvantagem, pois os aprendizes não são todos iguais.
O interacionismo defende que a aquisição da linguagem resulta da interação entre o programa mental inato do aprendiz e a linguagem produzida conjuntamente em cooperação com um interlocutor adequado. Em outras palavras, o organismo e o meio exercem ações recíprocas.
Nessa teoria, as crianças adquirem a linguagem assimilando as estruturas sintáticas, as estruturas semânticas e pragmáticas. No interacionismo, a linguagem é um meio para a atividade intersubjetiva significativa, e não um fim em si mesmo; a forma e o sentido são trabalhados e exercitados juntos, visando o desenvolvimento de competências e habilidades dentro de um processo de aprendizagem permanente.
Piaget fez apontamentos cruciais ao notar que a lógica do funcionamento da criança é diferente do adulto e que cada criança constrói suas concepções. E nesse universo, a educação constitui um “todo” formado por fatores afetivos, morais, sociais e intelectuais e esses aspectos devem estar em equilíbrio, pois uma criança que sofre um constrangimento intelectual “não conseguirá ser livre moralmente”.
Outra consequência dessa teoria é a consciência da necessidade de viabilizar aos estudantes a autonomia intelectual. Nesse sentido, o estímulo à pesquisa pode ser um exemplo de aplicabilidade em sala de aula, pois o professor estará proporcionando aos alunos uma democracia para a construção do conhecimento que ocorrerá individualmente e coletivamente, por meio, principalmente, da troca de informações e experiências.
Para Vygotski, a criança “é sujeito social criador e recriador de cultura” e essa vivência em sala de aula é de uma riqueza infinita, para um bom mediador (professor). Nesse ambiente, a linguagem é responsável pelas interações sociais, uma fonte de conhecimento que vai além da escrita e mergulha, segundo Paulo Freire, na palavra vivida, fruto de uma experiência intelectual afetiva inerente à totalidade humana.
Nesse cenário, o papel do professor é aquele que irá diagnosticar (de forma democrática e não alienada) o melhor caminho para explorar as potencialidades dos alunos, de forma que não os subestimem com conhecimentos repetidos e que não os sufoquem, ultrapassando as suas capacidades.


Fontes (UFSM):
Material da disciplina Produção e análise de material didático (RICHTER, Marcos).
Material da disciplina de Psicologia da Educação.
Edição e produção: Ires Milena Koster.

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