domingo, 10 de junho de 2018

Túnel Literário encanta estudantes em Santa Rosa




































Você já imaginou realizar uma viagem e conhecer as principais expressões literárias do Brasil, desde 1500 até aos anos atuais em pouco menos de 40 metros? Parece difícil, quase impossível, mas foi isso o que aconteceu para quase 800 pessoas na sexta-feira, dia 8, no Instituto Estadual de Educação Visconde de Cairu, em Santa Rosa.

Essa viagem foi o resultado de uma intervenção literária idealizada pelas alunas do curso de Letras – Língua Portuguesa e Literatura da UFSM, Ires Milena Koster e Maísa Brum. As acadêmicas propuseram ao 2º ano do curso Normal o desafio de realizar um túnel literário contemplando parte dos principais movimentos literários do país. Com o apoio da direção escolar, da professora de literatura da turma, Elaine Rama, e da professora de português e literatura aposentada da escola, Maida Brum, os estudantes aceitaram a proposta.
“O resultado desta parceria foi um sucesso, a escola deu carta branca para o projeto e os estudantes do Curso Normal não pouparam esforços e criatividade para concretizar essa vivência literária”, destacaram as acadêmicas da UFSM.
O projeto iniciou há dois meses com pesquisas sobre cada movimento literário, o qual resultou em um resumo desde o Quinhentismo até a Literatura contemporânea. Ao total, foram onze períodos e movimentos literários materializados de alguma forma e expostos no túnel.
Os visitantes puderam conhecer parte da carta do descobrimento do Brasil; expressões marcantes do movimento Barroco; detalhes da inspiração do Arcadismo e do Romantismo; os principais autores e obras do Simbolismo, Realismo e Naturalismo. Também puderam cantar o hino à bandeira, escrito por Olavo Bilac, um dos mais conceituados representantes do Parnasianismo, assim como, puderam relembrar as histórias do Sítio do Pica-Pau Amarelo de Monteiro Lobato, ou simplesmente brincar com as bolhas de sabão de Cecília Meireles. Após o Modernismo, os visitantes conheceram um pouco mais sobre a influência das Vanguardas Europeias e concluíram a viagem contemplando as formas concretas e abstratas da Literatura Contemporânea, que traz em sua bagagem tanto a originalidade, como a herança da caminhada literária brasileira.
As manifestações de apreço prevaleceram após a visita dos estudantes e professores do Cairu e dos visitantes da comunidade escolar. Além do público local, o túnel contou com a visita do Colégio Estadual Caldas Júnior, do município de Alegria, que enviou os estudantes do terceiro ano diurno para conhecer e apreciar o projeto. “Gostamos muito de tudo que vimos e tivemos a oportunidade de vivenciar, além disso, pudemos interagir com os estudantes do Cairu, o que é uma experiência integradora e gratificante. Também ficamos inspirados na ideia, e queremos fazer o mesmo em nossa escola. Esperamos que o Instituto retribua a visita”, enfatizaram os estudantes de Alegria.

A hora do conto e do cinema
Além dos movimentos literários citados, houve dois espaços alternativos: o canto da leitura e o cinema literário. No primeiro, os visitantes tiveram a oportunidade de ler trechos de obras, revistas literárias e os trabalhos escolares de outros estudantes. O Ensino Fundamental também participou de uma “contação” de histórias, já os do Ensino Médio tiveram a oportunidade de participar de um jogo literário, além de levarem para casa um livro oferecido pela Uninter Santa Rosa. Na sala de vídeo, foram transmitidos curtas de obras literárias realizadas pelos próprios estudantes do Instituto.

“Tudo foi pensado, planejado e construído de forma coletiva, pois apresentamos o resultado de uma percepção literária moldada por estagiárias e orientadoras da UFSM, pelos estudantes e professores da escola, visando o conhecimento, o encantamento, logo, o letramento literário”, finalizaram Ires Koster e Maísa Brum.



terça-feira, 1 de maio de 2018

Estratégias de leitura top-down e bottom-up


De forma simplificada no top-down (de cima para baixo) as atividades são centradas do conteúdo em si e no bottom-up (de baixo para cima) as atividades são centradas nas formas gramaticais do texto.
Segundo Paiva (2005, p. 130), esses processos são de suma importância, pois a leitura é um processo de construção de significados. Assim sendo, a atividade de leitura vai além de uma simples transmissão de informação, porque cada leitor, estudante ... é único, o que infere em construções de significados diferentes, baseados nos conhecimentos e experiências desses indivíduos. Nesse sentido, a atividade de leitura “envolve a habilidade de processar as informações registradas no papel (bottom-up) e o conhecimento de mundo que o leitor aciona para compreender um texto (top-down)”, (PAIVA, 2005, p. 130).
Por exemplo, na leitura de um texto sobre as Olímpiadas 2016, @ professor(a) pode levar para sala de aula várias fotos de modalidades esportivas e perguntar aos estudantes quais dessas modalidades eles conhecem ou já praticaram, quais delas faziam parte das olimpíadas no Rio de Janeiro, e/ou quais delas o Brasil conquistou uma medalha olímpica. Essa estratégia, baseada no processo top-down, explora o pré- conhecimento d@ alun@ e as suas opiniões.
Contextualizado o tema, o professor poderá iniciar a leitura do texto e trabalhar vários pontos, como a interpretação e a gramática. Ao relacionar elementos gramaticais no texto (morfologia, sintaxe, semântica, etc.), o professor incorporará o processo bottom-up.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

PAIVA, Vera Lúcia Menezes Oliveira. Desenvolvendo a habilidade de leitura In: PAIVA, V.L.M.O. (Org.). Práticas de ensino e aprendizagem de inglês com foco na autonomia. Belo Horizonte: Faculdade de Letras da UFMG, 2005. p. 129-147. Disponível em: http://www.veramenezes.com/leitura2.htm. Acesso em 27 de abril de 2017.

Input, output e intake


De forma simplificada input é tudo aquilo que recebemos, lemos e escutamos (insumo linguístico); output é o que produzimos, falamos e escrevemos, e intake é insumo linguístico absorvido.
Para recortar o assunto, selecionei trechos de pesquisas científicas relacionadas com o tema que achei pertinente para esta discussão:
Segundo Motta (2009, p.25- 26), os conceitos de input, output e intake têm sido bastante explorados em pesquisas envolvendo aquisição de linguagem. “Corder (1967) investigou o papel que o input desempenhava na aquisição da linguagem. Esse autor propôs a diferença entre input, que seriam os dados a serem processados pelo cérebro e intake, que diz respeito aos dados já processados, isto é, o input compreensível”.  Ainda de acordo com a autora, “o output, que envolve os dados produzidos pelo sujeito, também desempenha papel relevante na aquisição, pois favorece a reflexão sobre o próprio input”.
Porém, para “tornar possível a inter-relação entre input, intake e output... é necessário considerar a mediação vygotskyana do professor com apoio no feedback[1], que é capaz de interferir tanto no aprimoramento do conteúdo como na forma de um texto”, concluiu Motta (2009, p. 26).

ESQUEMA E EXEMPLOS
A doutora em língua alemã Kelly Stanich (USP) e a professora-doutora do Departamento de Letras Modernas, Selma Meireles (USP) apresentaram uma representação gráfica de um modelo para o processamento cognitivo relacionado à produção em Língua Estrangeira (LE). Os exemplos referem-se a aprendizes adultos de alemão como LE, sem contato anterior com o idioma fora do ambiente de ensino formal.

Segundo as autoras, parte superior do modelo, nomeada “domínio declarativo”, representa a memória declarativa, os dados do input que potencialmente seriam processados nesse domínio (regras explícitas e instruções sobre a língua) e os dados do output, retomados e reconstruídos após o processamento na memória operacional. Os dados do output, tal como no input, se apresentam na forma de regras explícitas e conhecimento teórico sobre a língua. A parte inferior do modelo, denominada “domínio não-declarativo”, representa a memória não-declarativa, os dados linguísticos do input potencialmente processáveis como unidades significativas (ou chunks) e os dados linguísticos do output. Para efeito de simplificação, nos campos input, intake e output, o modelo mostra apenas dados linguísticos e dados sobre a língua, respectivamente nos domínios não-declarativo e declarativo. No entanto, considera-se também a presença de diversos fatores extralinguísticos (elementos culturais, experiências individuais, fatores sociais etc.), apesar de não representados no modelo. Saiba mais e acesse os exemplos clicando no link a seguir: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1982-88372009000100010


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

MOTTA, Vaima Regina Alves. Noticing e consciousness-raising na aquisição da escrita em língua materna. Tese de doutorado. UFSM: Santa Maria, 2009.

STANICH, Kelly; MEIRELES, Selma. Processamento cognitivo relacionado à produção em língua estrangeira e aprendizagem de falantes não-nativos de alemão. São Paulo: USP, 2009.


[1] Conforme pesquisa teórica, Motta afirma que o “feedback indireto é uma forma de interferência, na qual o professor indica um caminho, sem promover a correção direta da falha cometida pelo aluno, e o feedback direto acontece através de uma indicação direta do erro”, (2009, p. 26).

Aquisição instrucional – conceitos, vantagens, limitações, autores


A aquisição instrucional envolve três teorias, paradigmas, que correspondem a maneiras diferentes de explicar o conhecimento humano: no behaviorismo (de Pavlov, Watson, Thorndike, Skinner), a experiência é a fonte básica de conhecimento, trabalha com fatos objetivos (estímulos e reações); no inatismo (de Platão, Descartes e Kant), a mente detém o papel mais importante na aquisição do conhecimento, nesse sentido, as práticas pedagógicas inferem as capacidades básicas do ser humano; e no interacionismo (de Piaget, Vygotsky, Wallon), a aquisição da linguagem envolve tanto a mente quanto a experiência.
O behaviorismo defende que a língua é adquirida “de fora para dentro”, por meio de imitação e formação de hábitos através do reforço positivo sobre o binômio estímulo-resposta. O ambiente tem grande responsabilidade no processo da aquisição e amadurecimento da linguagem.  A principal suposição dessa teoria é a existência de um Estímulo que provoca uma Resposta no processo de aprendizagem.  Para Pavlov o comportamento é resultante efetivo da aprendizagem ou de respostas condicionadas para determinados estímulos. As experiências de Thorndike desencadearam alguns conceitos como comportamento aleatório; curva de aprendizagem; aprendizagem por ensaio e erro e as leis de aprendizagem. Skinner estudou o comportamento observável. Propôs que o comportamento é motivado mais por estímulos externos e é diretivo ou instintivo. O teórico postulou sua lei da aquisição, em que a força do comportamento operante aumenta quando ele é seguido pela apresentação de um estímulo de reforço.
Esta teoria é limitada, tem pontos positivos como a aprendizagem de certos itens da língua por meio da memorização ou o aprimoramento das regras da gramática, e pontos negativos, como a forma mecanizada e artificial que a língua é tratada; a falta de reflexão geradora de novas ideias e soluções. Em suma, ela descarta a análise de aspectos  da conduta humana como sentimentos, sonhos, raciocínio, etc. e valoriza a “mecanização” do processo de aprendizagem.
A teoria inatista defende que os seres humanos nascem programados biologicamente para falar. Entre os argumentos positivos, a naturalidade da criança em aprender a língua materna, mesmo em ambientes mais rudes e munidos de um sistema de símbolos complexos. No entanto, também tem suas limitações, pois a língua não é adquirida apenas ouvindo ou de forma espontânea, ela requer certa cooperação dos falantes mais velhos, por meio de uma conversação adequada em uma espécie de sistema de troca. A falta de contextualização é outra desvantagem, pois os aprendizes não são todos iguais.
O interacionismo defende que a aquisição da linguagem resulta da interação entre o programa mental inato do aprendiz e a linguagem produzida conjuntamente em cooperação com um interlocutor adequado. Em outras palavras, o organismo e o meio exercem ações recíprocas.
Nessa teoria, as crianças adquirem a linguagem assimilando as estruturas sintáticas, as estruturas semânticas e pragmáticas. No interacionismo, a linguagem é um meio para a atividade intersubjetiva significativa, e não um fim em si mesmo; a forma e o sentido são trabalhados e exercitados juntos, visando o desenvolvimento de competências e habilidades dentro de um processo de aprendizagem permanente.
Piaget fez apontamentos cruciais ao notar que a lógica do funcionamento da criança é diferente do adulto e que cada criança constrói suas concepções. E nesse universo, a educação constitui um “todo” formado por fatores afetivos, morais, sociais e intelectuais e esses aspectos devem estar em equilíbrio, pois uma criança que sofre um constrangimento intelectual “não conseguirá ser livre moralmente”.
Outra consequência dessa teoria é a consciência da necessidade de viabilizar aos estudantes a autonomia intelectual. Nesse sentido, o estímulo à pesquisa pode ser um exemplo de aplicabilidade em sala de aula, pois o professor estará proporcionando aos alunos uma democracia para a construção do conhecimento que ocorrerá individualmente e coletivamente, por meio, principalmente, da troca de informações e experiências.
Para Vygotski, a criança “é sujeito social criador e recriador de cultura” e essa vivência em sala de aula é de uma riqueza infinita, para um bom mediador (professor). Nesse ambiente, a linguagem é responsável pelas interações sociais, uma fonte de conhecimento que vai além da escrita e mergulha, segundo Paulo Freire, na palavra vivida, fruto de uma experiência intelectual afetiva inerente à totalidade humana.
Nesse cenário, o papel do professor é aquele que irá diagnosticar (de forma democrática e não alienada) o melhor caminho para explorar as potencialidades dos alunos, de forma que não os subestimem com conhecimentos repetidos e que não os sufoquem, ultrapassando as suas capacidades.


Fontes (UFSM):
Material da disciplina Produção e análise de material didático (RICHTER, Marcos).
Material da disciplina de Psicologia da Educação.
Edição e produção: Ires Milena Koster.